Ester Marques é a única praticante de andebol no concelho de Viana do Castelo e já representa Portugal. O Desporto em Viana foi conhecer a atleta que pratica andebol desde os oito anos.
Em Viana do Castelo, falar em andebol é pensar no Afifense. Porém, há uma exceção, a Ester. A juvenil de primeiro ano, tem 15 anos, pratica andebol desde os oito, na Juvemar, clube de São Bartolomeu do Mar e próximo de Alvarães, terra onde vive desde pequena.
Filha de um antigo praticante, Ester foi desafiada pelo pai a experimentar a modalidade. “A minha família paterna é muito ligada ao andebol. O meu pai jogou no ABC e hoje é treinador das seniores do Juvemar”.
Dos primeiros treinos, só aos sábados, a internacional portuguesa treina agora quatro vezes por semana e, quando há jornada dupla ao fim-de-semana, só não remata às balizas nas quintas-feiras.
Ester jogou sempre pela Juvemar e foi com o emblema de Esposende que se sagrou campeã regional todos os anos, somando já cinco campeonatos no currículo. A Juvemar é um clube com tradição no andebol e tem equipas femininas em todos os escalões de formação e uma equipa de seniores.
Esta época nos juvenis, Ester voltou a sagrar-se campeã regional. A Juvemar somou 40 pontos e a vianense marcou 94 golos em 14 jogos, uma média de 6,6. O emblema de Esposende encontra-se a disputar a Segunda Fase, com mais duas equipas de Braga e três do Porto. Paulo Martins é o timoneiro que quer terminar em primeiro, para disputar a fase final, que garante o título nacional.
A seleção nacional
No ano passado veio a primeira chamada para a Seleção Nacional, para um Torneio que teve lugar nas férias da Páscoa. “Foi o meu treinador que me deu a notícia, fiquei muito contente”.
Esta época, a lateral esquerda já mereceu novamente a confiança dos responsáveis nacionais. Desta vez foram as amigas que com ela jogam que lhe anunciaram a boa nova. “É muito bom ver o trabalho recompensado”, confessa. “Fiquei muito nervosa no início, mas depois é… bom”, sorri ao revelar o sentimento que teve ao saber da chamada.
Ester tem sido semanalmente observada pelos técnicos nacionais. Todas as segundas-feiras há treinos de observação em Gaia, com atletas de vários clubes. Além desses treinos, Ester já competiu no Torneio das Descobertas, que se disputou em fevereiro.
A andebolista trabalha para poder representar Portugal já no próximo verão, no Torneio da CPLP, que se disputa em São Tomé e Príncipe e tem já no horizonte o Europeu da categoria que se disputa em 2019.
A importância da família
A paixão de Ester pelo andebol tem forte apoio familiar. Os avós percorrem os 12 quilómetros que separam Alvarães de São Bartolomeu do Mar, três vezes por semana, para que a neta faça o que mais gosta: “jogar andebol”. “As aulas acabam relativamente cedo. Dá tempo para ir a casa e depois seguir para o pavilhão”, conta Ester. Aos fins-de-semana, os pais passam a tarde no pavilhão.
Apesar de ser uma atleta com futuro promissor, o nome de Ester é desconhecido no concelho. Na escola só os amigos próximos sabem que joga andebol “mas não ligam muito” e no Desporto Escolar a modalidade que se pratica é badminton. “Gostava que fosse andebol, era bom para dar a conhecer”, nota.
Ester não conhece mais “nenhuma rapariga do concelho de Viana que jogue andebol. Só há o Afifense e o Caminha com andebol no distrito. Gostava que existisse uma equipa feminina em Viana”, revela ao Desporto em Viana.
Em Esposende, Ester tem sido distinguida anualmente em conjunto com a equipa, na Gala do Desporto daquele município. Na edição deste ano recebeu o Prémio de Mérito Desportivo, a premiar a chamada à seleção nacional.
O futuro de Ester ainda não está definido. “Gostava de jogar andebol, nas seniores”, confessa mas sabe que é difícil viver do andebol. Por isso, estuda para conseguir entrar em medicina, na Universidade do Minho, cidade com tradição na modalidade e de onde o pai é natural. “É difícil conciliar as duas coisas [estudos e treinos] mas para já tenho conseguido”, garante.
Como referências no andebol, Ester nomeia o também lateral esquerdo Mikkel Hansen, jogador dinamarquês, e no feminino duas atletas: Patrícia Lima e Teresa, atleta da Juvemar que desde “pequenina é um exemplo”. “Quando comecei a jogar ela já jogava nos seniores e é uma referência”.
Já com sete anos de andebol, são muitos os momentos que Ester viveu, mas o melhor foi recentemente o Torneio na seleção, por se tratar de “uma experiencia diferente. Jogar com jogadoras de outro nível”. O pior momento viveu em infantil, quando na meia-final a Juvemar perdeu por apenas um golo.
Com o 77 nas costas, Ester Marques é uma jovem promessa no andebol português e mais uma vianense a destacar-se no mundo desportivo.
