Opinião

O efeito Bruno

José Domingos Ribeiro

Ainda o jogo não tinha terminado e já contava com o desfecho que se veio a verificar. Porta de acesso aos balneários fechada, deixando os jornalistas à espera que alguém a abrisse para pedir que fossem chamados os treinadores para analisar a partida. Volvidos uns minutos chega o presidente do Neves. “Quem são os jornalistas?”. Identificados, entram na zona reservada. Num breve minuto assiste-se ao efeito Bruno.

Indico ao dirigente que queria falar com o treinador ou um jogador do Neves sobre o jogo. “Sou eu que falo!”, responde António Amaral. “Quero uma análise à partida, do treinador ou jogador. Vai falar sobre o jogo?”, insisto. “Falo do que quero.”, ouço como resposta. “Não quero, obrigado”, informo, sendo expulso e recordado que aquela se “trata de uma área reservada”.

Não é a primeira vez que António Amaral fala após um jogo do Neves. Raramente o faz sobre o jogo. É o efeito Bruno refletido no nosso futebol distrital, onde ainda subsistem dirigentes que valorizam mais o que é dito fora das quatro linhas do que o futebol que é praticado, durante 90 minutos, nos relvados e pelados do distrito.

O Desporto em Viana quer promover o desporto no concelho. Por isso prefere dar destaque a quem o merece: treinadores e jogadores. Os dirigentes são importantes para o sucesso destes, mas o seu trabalho deve ser desempenhado na sombra. Nos momentos, locais e eventos próprios, não lhes faltam oportunidades para aparecer na fotografia. Sorridentes. Não de dedo em riste no meio de um relvado.

No desporto devemos seguir bons exemplos, que nos inspirem e sirvam como modelos. Por isso realço o presidente da ADC Correlhã, Fábio Caseiro. Um jovem que está no futebol para servir o clube da sua terra há vários anos e que tem realizado um trabalho notável, louvável e que, mais cedo ou mais tarde, terá os merecidos frutos.

A comunicação social que acompanha os campeonatos distritais da AFVC não merece as condições que lhes são dadas pelos clubes para acompanhar os jogos. As barreiras que criam para ter acesso à ficha de jogo, a declarações dos protagonistas, ou a uma simples cadeira. Com o pouco que lhes é dado, fazem muito. Ainda assim, há pessoas que acreditam que os microfones só servem quando lhes interessa. Não contem com o Desporto em Viana para isso.

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